2011 ?

2011 pra mim foi um ano que talvez tenha começado meio que de trás pra frente. Despretensiosamente eu fui sujeitada a me moldar às suas circunstâncias e possibilidades que me pareciam inofensivas até agora. Mas a verdade é que eu não estou tão imune quanto aparento. Porque apesar de tudo eu sempre temi esse arremate das coisas mais perecíveis, entende? E afinal esse foi um ano de despedidas, não é mesmo? Um ano que desde o começo esteve em processo de liquidação. E eu não sabia se torcia para que o tempo se esticasse ou se desdobrasse em conta-gotas, mas apesar de toda a minha im-paciência acabou passando num piscar de olhos desapressado. E agora no fim é preciso por à prova a fatalidade dos detalhes. Agora à beira da renuncia é preciso resguardar alguns matizes de verde para que neste ano que floresce eu não perca essa alegria despreocupada que domina o desespero dissimulado que eu oculto no peito. Agora é preciso pontuar as minhas decisões. É chegada a hora da minha baliza: hora de calibrar o relógio pra um tempo novo.

isso é uma bandeira branca

Eu poderia dizer que tudo bem, você decidiu por nós. Mas, sinceramente? Estou longe de ser assim tão bem resolvida. Eu, que respiro independência e nunca soube ao certo como é ser livre. Mas, tudo bem. Vou ficar fingindo que não é nada demais. Ainda temos muito a contar. A conter. E o cada um por si ainda me soa bastante válido... É só que amor neste caso não tem nada a ver com mérito, entende? E um pedido de desculpas (in)felizmente não resolvem certas coisas. Eu achei que talvez não pudesse conviver com alguém que aceitava os meus defeitos melhor do que eu mesma. Mas então isso cresceu e se fez instância. E de repente a falha se tornou instantaneamente vantajosa. Mas eu quis pelos motivos errados. Entende? Eu te amei com urgência. Eu briguei contigo só pra poder me defender de mim mesma. Eu quis honrar a culpa de te querer com exagero. Aí eu te dei corda e você acabou se enforcando (...) O meu problema menino, é que eu não sei perder pra mim mesma. Mas você, você errou com a pessoa errada. E é aquilo que dizem: atitudes valem mais do que palavras. Mas acho que você sabe disso melhor do que eu...

aqui

Então vem. Traz o mistério dos teus olhos.

Vem ser a urgência das minhas esperas. Vem ser a possibilidade de uma promessa. O sorriso nos intervalos de pausa. A desculpa na ponta da língua. Vem.

Vem ser metade inteira da minha plenitude. Vem ajustar os ponteiros de um coração errante. Vem pontuar o pouco que não me cabe. Deixa eu caber num abraço teu. Descompõe o meu querer. Conjuga a minha solidão.

Vem ser meu par.

Eu, que sempre fui tão ímpar.

por trás dos olhos

Eu, que sempre vivi aos esbarrões absurdos com o destino. Que estou sempre tão sujeita a tantas possibilidades.
Eu, que não sei esperar e quero tudo pra ontem. E tenho tudo. Ordeiramente fora de ordem.

(...)

Talvez, por fidelidade ao passado. Talvez, pela necessidade de amar. Talvez, por tentar sempre de alguma forma fixar o que já me escapou. Continuo aqui. Intacta. Com o frio na barriga, o coração na garganta e a alma inquieta...

fúcsia

Em meio a tantos desencontros o meu coração te escolheu. Então enlaça a tua mão na minha. Amarra o teu destino ao meu e inflama o meu querer. Porque só você aquieta o meu desassossego (...) Deixa o futuro contar a nossa história. Porque às vezes, a única arma que a gente possui é o coração. Então se entrega. Deixa a intimidade desconstruir essa obviedade de tudo que sempre foi tão recíproca em nós. Porque para cada desavença haverá uma bandeira branca.

E então, que seja amor. Mundo afora e mundo adentro.

feito luz

Te guardei em cada suspiro empoeirado que o destino conservou em segredo. Te pintei com as minhas lágrimas e te preenchi com os meus vazios. Eu te guardei no avesso do mundo. E continuo aqui rabiscando versos avulsos pra aprisionar você.

Você: minha válvula de escape pra eu me afogar em mim mesma (..)

Faça alguma coisa para me (de)ter

Te quero tão bem. Te quero também...

lusco-fusco

(...) Então a gente esboça um sorriso no peito. Tira a lama das veias. Ajeita a carga nos ombros e aceita a luta. Porque é preciso colocar os pés na estrada, e dessa vez, eu vou estar bem por mim mesma.

feliz ano velho

Então é isso. Uns dias ainda. Uns dias mais pra se chegar ao fim da estrada (...) Será mesmo? O tempo sempre foi esse fio de alta tensão. A minha desculpa pras falhas. O meu redimir praquilo que não se pode mais pedir perdão. E confesso que este ano quase me rendi à sua imobilidade. E as consequências impiedosas de um amor imprudente. Foi preciso por vezes, ser mais vertical do que o meu próprio equilíbrio permitia. E lutar, resistir, contra todas essas possibilidades que abrem infinitas suspeitas por dentro e desajustam tudo... E cá estou mais um ano seguido, com o coração no lugar, desejando que este caminhar seja assim sempre leve. Mesmo que insano. Mesmo que desmedido. E que os calendários cheguem sempre assim, despretensiosos...