a ver navios

Agora tanto faz, meu bem. Nós somos uma mera evidência (...)
Tira a poeira dos olhos e traz rima pros meus versos pra eu poder viver com menos culpa nosso compromisso-descompromissado em segredo. Quero teus braços de abraços brandos. Quero tua solidão me fazendo menos sozinha. Porque o teu perfume vai ter sempre cheiro de saudade. E sou conto de fadas. E você me encanta. Mas o feitiço só faz estrago depois da meia-noite no nosso carrossel de possibilidades entre lençóis, beijos e dissabores (...)
Me a-guarda, anjo meu. Vou percorrer o caminho que as pintinhas fazem até chegar ao teu pescoço, bem depois das curvas do teu sorriso...

Porque agora tanto faz, meu bem... Essa é só mais uma tentativa –inútil- de me manter na superfície desses sentimentos rasos que eu confundo com (a)mar...

borrões, borrachas

Eu quis tanto voltar. Quis tanto devolver as palavras que ficaram suspensas no silêncio entre nós. Quis tanto amenizar esses arranhões que te riscam o peito e dizer que a tua confusão também era minha (...) Mas o silêncio virou ausência, o cansaço virou preguiça e o momento ficou querendo ser circunstância ... É que deu tudo errado quando a gente fez a coisa certa, entende? E nós fomos covardes demais, amor. Nós usamos a dor como reboque. Nós nos conformamos com a relutância dos desistentes. E agora, agora é preciso arcar com as consequências dos nossos atos. Porque eu fui tua de mentira. E talvez eu estivesse pensando mais em mim do que em você, porque ser egoísta também é uma forma (meio torta) da gente gostar um pouquinho de si mesmo, não é? E você me deu tantas coordenadas, desconstruiu meus heroísmos bobos, me fez menos menina, transformou em sorriso aquilo que um dia já foi lágrima. E eu não soube agradecer, não soube me desculpar. Só queria que soubesse que eu não fui uma escolha e que você também não foi uma ironia.

Que os acasos nos permitam mais alguns reencontros pra gente se redimir do pecado que é sermos felizes juntos.

tão-somente

(...)

Então distraio os meus dias com tudo aquilo que acreditei ser apenas ilusão. Porque a pressa é presa minha e de repente ando com aquela displicência de quem abrevia a vida para poder viver mais um pouquinho... 
E quase me perco em desuso. Quase naufrago diante dessa sede exagerada para me contentar insatisfeita com esses quase-sonhos que eu insisto em viver de olhos abertos... 

É que eu só vivo nesses intervalos desmotivados e humanos de distração (...)