paródia de nós

Você foi o típico acidente de propósito. Meio esquerdo. Meio errado. Meio como um equilíbrio vertical pra eu nunca precisar colocar os pés no chão outra vez. É que eu sempre fui mais plural sendo sozinha, entende? E eu nunca percebi quando foi que a nossa história me escapou por entre os dedos. Quando foi que eu comecei a entrar no seu jogo pra fazer as minhas próprias regras. Porque eu sempre fui muito pequena e agora o mundo todo parece caber dentro de mim. Consigo até tocar as estrelas mesmo sem nunca ter tido tamanho pra tanto (...) Vem buscar o amor que você deixou aqui no meu peito. Corrompe a métrica do meu compasso e rouba o meu coração só mais uma vez. Sustenta minhas mentiras pra eu poder me convencer da tua veracidade. E me prende, me aperta, me cerca nos teus braços só pra eu nunca mais perder a minha liberdade.

A gente seria a confusão mais bonita se a gente fosse pra sempre.

o último andar

(...)


É só que às vezes, eu ainda gosto de ter o controle sobre determinadas coisas, entende? E no entanto, parece que a única maneira de deixar que uma coisa se eternize, é deixando que ela se vá. Para sempre.

além-mundo

Deixei-me arrastar pelo tempo simplesmente por não poder mais resistir à eternidade que vive a roubar minha finitude. Eu tenho pressa e corro com a imprudência de quem carrega o desespero nos olhos. Deixo palavras pela metade e prefiro continuar calada, fazendo companhia pro meu silêncio. É só que talvez, em algum momento, eu precisei extravasar algum tipo de limite pra conseguir criar as minhas próprias fronteiras, entende? Então eu devoro o cetro só pra não arranhar a minha suscetibilidade. Porque eu não quero mais ter que ir embora toda vez que o meu coração sucumbir. Porque mesmo que isso signifique nunca mais ter os pés no chão outra vez, é a conseqüência mais óbvia pra deixar as coisas todas no lugar.