alguém como eu e alguém como você

Deixei sem querer que as horas me arrastassem, que os pensamentos me invadissem e me induzissem para perto de ti mais uma vez... Porque lembrança é planta que nasce sem ser semeada e a noite reacende o que há muito já queimou. É que ainda me falta coragem para aterrissar os pés no chão e essa saudade só faz condenar a polidez dos meus erros. Então eu me puno com o seu perdão, porque o meu castigo é exatamente este, a impunidade do teu olhar. Eu não temo o abandono ou as faltas, muito menos o desconhecido. O que me assusta é esse vão de motivos, essa coletânea de culpas do que eu não posso mais querer censuradas pelo meu ego. Me assusta esse desencanto que existe debaixo de todo faz-de-conta. Me assusta esse contentar descartável e essa sensação de sentir frio e não conseguir estremecer. Me assusta a demora, a permanência, esse instinto em dosar um amor que nunca existiu e conviver com todos esses fantasmas da tua presença. Me assusta a implosão do teu peito e o frio na barriga que me dá nessa ânsia pela recusa da resposta a espera do culpado ideal para um erro seguro. O fruto doce de uma raiz amarga... É só que o veneno, em pequenas doses também é salutar e eu não quero mais te encontrar toda vez que eu pensar em perdas. Então por favor, não confunda a minha “independência” como indiferença.

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