permanência inconstante

Essa não é mais uma das minhas inúmeras e indefesas cartas de despedidas ou novas tentativas frustradas de recomeços que se estendem para folhas em branco. A verdade é que nem eu mesma sei por que ainda me sujeito a comprometer-me com palavras inacabadas e ensaios improvisados de abdicar pensamentos soltos. É que travestidos assim, entre linhas mal escritas e incógnitas mal resolvidas, os problemas chegam tão perto de um talvez-não-seja-mesmo que a minha vida ganha um amargo-doce que eu quase tenho vontade de vivê-la algum dia... E eu ainda tenho tanta coisa não dita que preciso dizer que me falta apatia e um dicionário inteiro para eu me virar do avesso e não dizer de novo as mesmas coisas de antes. Porque de repente eu sou só o que restou de ontem. Eu que adoro aparecer e estou sempre tão disponível ao anonimato. E nem percebo que não cheguei a ser metade do que eu ainda tento não transparecer. Eu, imaculada errante que sou pássaro solto e me contento com a liberdade das minhas próprias grades. E mesmo que pareça estupidez, luto para aceitar a tempo. Aquele tempo, o dos olhares cegos, das ameaças rejeitadas e todo aquele confessar de pecados inocentes que eu nem ao menos me permitia esconder. Porque o amor, terminou engasgado, os castelos se esfarelaram e a madrugada terminou ofuscando o fulgor da noite, entristecendo o que um dia, foi também sorriso. E eu nem me permito afundar o pé nessa dor para chorar, porque quando finjo que me esqueço mal percebo que acabei de me lembrar. Mas não se preocupem, não fico por muito tempo. Às vezes demoro um pouco mais, mas sempre acabo voltando para o devido lugar que me foi designado.

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