cirandas

Eu sempre acreditei na existência da distância. E agora, é engraçado perceber assim tão repentinamente como o tempo passou. Porque já se vão um mês, acredita? E eu não me dei conta de quantas mudanças passaram despercebidas desde que eu cheguei aqui. E isso é quase assustador (...) O tempo passou enquanto eu deixava o ontem na estrada e esticava as madrugadas insones. Enquanto os meus pés decoravam o novo caminho pra casa e a saudade se acomodava no peito. Um mês enquanto eu passava os rascunhos a limpo e adestrava os meus fantasmas internos. Enquanto eu tagarelava incansavelmente só pra não sucumbir no silêncio que denuncia essa ausência que tanto me perturba. Um mês enquanto eu fingia ser inconsequente só pra não lembrar da responsabilidade que é ser sozinha. Um mês enquanto eu simulava não saber o que é timidez e pedia pra estes novos rostos -agora tão corriqueiros- emprestarem seus sorrisos pros meus dias serem mais leves (..)

E agora sim, tudo se ajusta. Já falo com mais naturalidade os pronomes possessivos: minha casa, minha rua, minha cama, minha nova rotina...


Um mês. E o tempo passou enquanto eu brincava de ser adulta.

Adulterada. Adult-errada.

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